Categories: Noticias Ambientales
      Date: Nov  7, 2018
     Title: Poluição ambiental e risco de câncer à luz das evidências científicas

Há três décadas era ainda uma especulação se o aumento no número de casos de câncer seria algo real ou representaria uma maior taxa de detecção da doença pela disseminação de novos métodos diagnósticos como o uso de tomógrafos, dentre outros.

Por Clínica Reichow
06/11/2018 15h20  Atualizado há 19 horas
Foto : Brady Bellini - Unplash


Atualmente, entidades como o IARC (International Agency for Research on Cancer) reconhecem que o aumento na incidência de câncer no mundo é um fato consolidado, não se deve apenas ao aparato tecnológico à disposição dos médicos, e a doença não poupa nenhuma faixa etária.

Ao mesmo tempo, surgem evidências em diferentes pontos do globo terrestre, que relacionam esse aumento de incidência do câncer com a poluição ambiental.

Para ilustrar, pesquisadores italianos têm notado uma clara associação entre morar próximo a rodovias (< 25 metros versus > 500 metros) e risco aumentado de câncer de pulmão (sendo este risco duas vezes maior em mulheres que residem junto às estradas). Uma explicação lógica é que poluentes ejetados através do escape dos veículos são sabidamente cancerígenos. Quem reside próximo a rodovias fica mais exposto a essas substâncias, que incluem hidrocarbonetos como o benzeno.

Além da lógica formal, pode-se dizer que há plausibilidade biológica para este fenômeno. Deve-se ressaltar o trabalho de pesquisadores brasileiros que – investigando efeito da poluição do ar sobre taxistas e controladores de tráfego que trabalham na cidade de São Paulo – perceberam sinais de dano ao material genético de células da boca destes trabalhadores. O dano ao material genético das células do organismo é uma etapa inicial no mecanismo do câncer. Com o acúmulo de mutações em nosso DNA, algumas das células acabam desenvolvendo uma vantagem proliferativa e passam a se multiplicar de maneira descontrolada, podendo invadir tecidos ao redor e até mesmo disseminar à distância (gerando metástases).

Ainda no Brasil, estudo publicado em 2012 por um grupo de pesquisadores ligados à Universidade de São Paulo demonstrou claramente uma correlação entre a localidade de residência do indivíduo, a concentração de material particulado no ar (um indicador da poluição do ar medido por estações da Companhia Ambiental do Estado - CETESB) e risco de adoecimento por câncer de pele, laringe, tireóide, bexiga e pulmão. Morar no bairro do Brás, por exemplo, implica em risco pelo menos duas vezes maior de o indivíduo apresentar câncer de pele ou morrer de câncer de pulmão que uma pessoa residente em bairros da zona Sul da cidade, segundo o estudo (figura).

Em novembro de 2017 o jornal britânico The Guardian noticiou cancelamento de atividades escolares, e até mesmo a suspensão de uma maratona em Nova Délhi, Índia, devido uma névoa de fumaça que cobriu a cidade por alguns dias, fazendo a concentração de material particulado no ar atingir nível onze vezes superior ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, o que corresponderia a fumar 50 cigarros no mesmo dia.

Artigo publicado no mesmo ano no periódico Lancet gerou repercussão ao destacar a conclusão dos autores: estima-se que uma em cada seis mortes no mundo decorrem da poluição ambiental (responsável por mais mortes em nosso planeta que a Guerra, a Fome, malária, tuberculose e mesmo a AIDS).

Dr. Cristiano de Assis Pereira Hansen, Oncologista Clínico, CRM/SC 12169, RQE 14624

*Clínica de Oncologia Reichow

Diretor Técnico Responsável Dr Sandro Laércio Reichow, Oncologista - CRM 6382 - RQE 2224


Fonte: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/clinica-reichow/compromisso-com-a-ciencia-e-com-o-seu-bem-estar/noticia/2018/11/06/poluicao-ambiental-e-risco-de-cancer-a-luz-das-evidencias-cientificas.ghtml