Categories: Noticias Ambientales
      Date: Jun 10, 2019
     Title: Dados do Inpe embasam 'cruzada' de especialistas contra aquecimento global
Debate. Seminário da Comissão de Meio Ambiente da Câmara sobre mudanças climáticas
Foto: CARL DE SOUZA/AFP


Embasados nas pesquisas do Inpe,

especialistas cobraram providências

para reduzir os efeitos da mudança

climática durante seminário realizado

no Congresso Nacional

Julia Carvalho e Xandu Alves@jornalovale | @jornalovale

Com base nos dados captados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), especialistas cobraram providências para reduzir as mudanças climáticas e combater os riscos causados pelo aquecimento global durante seminário promovido pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. Entre os anos de 1961 e 2017, o Brasil ficou de 3° a 4°C mais quente, segundo as pesquisas.

Durante o seminário, os especialistas utilizaram os dados do Prodes (Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), realizado pelo Inpe, para comprovar a gravidade dos efeitos do desmatamento no aquecimento global, contrariando a afirmação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Congresso Nacional.

Os dados mostram que o auge do desmatamento na Amazônia ocorreu em 2004, quando 28 mil km2 foram desmatados.Até 2012, houve queda foi gradativa chegando a 4.000 km2 de desmatamento.

"Mas vem subindo, quando alcançou 8.000 km2 desmatados em 2018", informou o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP.

"Os riscos estão relacionados a água, energia e alimentos. Como dois grandes exemplos recentes são a seca de cinco anos do Nordeste do Brasil e a seca 2014 e 2015 no sudeste e também o excesso de chuva como as que aconteceram no Rio de Janeiro e São Paulo", informou o pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe, Lincoln Alves.

"É fundamental que o Brasil mantenha o protagonismo que vinha tendo na agenda da mudança do clima, em particular medidas para redução do desmatamento e queimadas", completou o pesquisador

O chefe da Divisão de Pesquisas do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) de São José, José Marengo, chama a atenção para o possível processo de desertificação da região do semiárido localizada no norte da Bahia. Segundo ele, as mudanças climáticas das últimas décadas provocam não apenas seca, mas chuvas.

De 1991 a 2012, houve quase 39 mil desastres naturais no Brasil. Pouco mais de 22% ocorreram entre 2010 e 2012, sendo os mais frequentes a estiagem e as enxurradas.

ALERTA

Os pesquisadores do Inpe, Thelma Krug, Jean Ometto, Luiz Aragão e Lúbia Vinhas, produziram documento técnico sobre questões climáticas globais. O objetivo é esclarecer que as evidências físicas são robustas e suficientes para atribuir a influência humana no clima global e,explicar como a ciência determina as causas das mudanças no planeta.

Para os cientistas, o ponto de discussão atual não é mais se as mudanças climáticas são causadas ou não pelos seres humanos, e sim que o clima está mudando e seus impactos atuais e futuros continuarão afetando a humanidade.

"O documento aborda as consequências de se negar a existência de um processo tão crítico. Também mostra que o combate ao aquecimento global não desvia atenções e recursos das emergências reais e, principalmente, que o Brasil possui todas as condições para demonstrar ao mundo que existem formas inovadoras e modernas de se desenvolver", afirma a nota do Inpe.

Chanceler atribui o aumento da temperatura da Terra a asfalto quente

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, questionou, no Congresso Nacional, as evidências científicas de aumento da temperatura terrestre nos últimos 200 anos. Ao apontar supostos equívocos nas medições atuais, o chanceler afirmou ser "necessária uma discussão aberta e não ideológica desse tema". "Não há um termostato que meça a temperatura global. Existem vários termostatos locais", explicou Araújo.

O pesquisador Lincoln Alves avalia a declaração como. "Uma fala de quem desconhece e ignora todo o conhecimento da ciência climática. Por fim, não saber a diferença entre o que é um termômetro e um termostato".

 

Fonte: https://www.ovale.com.br/_conteudo/_conteudo/nossa_regiao/2019/06/80300-dados-do-inpe-embasam--cruzada--de-especialistas-contra-aquecimento-global.html