Categories: Noticias Ambientales
      Date: Jul 24, 2020
     Title: Poluição do ar na cidade de São Paulo está 20% menor em julho com quarentena; queda chegou a ser de 50% em abril

Comparação é feita em relação aos mesmos meses do ano passado; retorno de veículos nas ruas com flexibilização e tempo seco são causas de poluição mais alta, de acordo com especialistas.

Por Bárbara Muniz Vieira, G1 SP — São Paulo

Faixa de poluição amarronzada é causada pela poluição e por causa de fenômeno conhecido como inversão térmica — Foto: Arquivo Pessoal
Faixa de poluição amarronzada é causada pela poluição e por causa de fenômeno conhecido como
inversão térmica — Foto: Arquivo Pessoal

Faixa de poluição amarronzada é causada pela poluição e por causa de fenômeno conhecido como inversão térmica — Foto: Arquivo Pessoal

A concentração de poluentes



A concentração de poluentes na cidade de São Paulo está 20% menor em julho deste ano em comparação com o mesmo mês de 2019, de acordo com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG – USP).

A queda de concentração chegou a ser de 50% durante a primeira semana de quarentena obrigatória no estado de São Paulo. O aumento do número de veículos nas ruas com a flexibilização da quarentena e o clima seco e sem chuvas são explicações para a poluição ter aumentado desde abril.

De acordo com dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qualidade do ar na maior parte das estações onde há medição na região metropolitana de São Paulo nesta quinta-feira (23) era “moderada”, o que significa que a concentração de poluentes está acima dos valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com a professora do IAG-USP, Maria de Fátima Andrade, “moderada já não é boa”.

“É diretamente proporcional a relação entre o índice de isolamento social e a queda de poluentes. Quando tínhamos mais participação no isolamento, a qualidade do ar era melhor. De todas as cidades em que houve estudo, inclusive fora do Brasil, se observou o mesmo fenômeno. É muito proporcional porque nas grandes cidades a principal fonte de poluição são os veículos”, afirma.

De acordo com a pesquisadora, os veículos, além de emitirem monóxido de carbono pelo escapamento, também emitem partículas poluidoras com a ação abrasiva do pneu no asfalto.

“Então menos movimento, menos liberação de partículas. O uso de máscara é bom até para isso, para não respirar essas partículas porque você evita inalar as maiores”, afirma.

Qualidade de ar nesta quinta-feira (23) é moderada na Grande SP — Foto: Reprodução

Qualidade de ar nesta quinta-feira (23) é moderada na Grande SP — Foto: Reprodução

Outro motivo para a poluição maior é o clima mais seco dos últimos dias, de acordo com a gerente da divisão de qualidade do ar da Cetesb, Maria Lúcia Guardani. Com a queda da temperatura durante as noites de inverno, o ar quente sobe e os poluentes ficam presos a uma altura de cerca de 160 metros na nossa atmosfera.

Essas partículas não conseguem romper a barreira de ar frio e permanecem lá até esquentar. No meio da manhã a poluição se dispersa porque o ar quente já atingiu as camadas mais altas e a barreira é rompida.

“Como não chove, há três dias essa camada seca se mantém. Isso acontece porque há muitas partículas de poluição suspensas na atmosfera, é um pó fininho que fica visível. O céu está bem azul, mas tem uma mancha. As partículas muito finas de poluição ficam suspensas, a luz bate nelas e tem um espalhamento de luz e raios em várias direções, o que faz como que fique ainda mais intensa essa luz amarronzada que vemos de manhã”, afirma Guardani.

Esta condição típica de inverno é a chamada inversão térmica.

“É de se esperar que os poluentes que a cidade emite fiquem mais na atmosfera. Mais veículo e mais atividade significam mais poluentes. Se o isolamento estivesse maior agora, teríamos uma condição melhor na atmosfera porque menos veículos e poluentes. Ainda temos sorte, menos quantidade de veículos na rua, mas já tem trânsito”, afirma Guardani.

As condições meteorológicas são determinantes, portanto. A poluição só vai melhorar se chover.

“Se chove, a chuva faz uma limpeza geral em todas as partículas. No inverno tem poucas chuvas e vento e isso faz com que os poluentes fiquem. Isso vai se arrastar para agosto. Se começar a chover e tivermos uma condição melhor, os poluentes também diminuem", conclui.

 

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/07/24/poluicao-do-ar-na-cidade-de-sao-paulo-esta-20percent-menor-em-julho-com-quarentena-queda-chegou-a-ser-de-50percent-em-abril.ghtml