Categories: Noticias Ambientales
      Date: Ago  6, 2020
     Title: Mato Grosso: Queimadas deixam o ar mais poluído em Cuiabá
Da Reportagem


Em Cuiabá, as queimadas provocadas durante o período de seca influenciam para que a concentração de material particulado inalável seja acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa situação influencia negativamente no tempo da Capital e na saúde física da população. É o que mostra um estudo realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que lançou a campanha "A atmosfera é de todos”.

O levantamento, feito em 2019, teve como objetivo verificar se as queimadas ocorridas no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães poderiam afetar as concentrações do poluente em Cuiabá. Durante a noite, por conta da inversão térmica, foram encontradas concentrações de poluição chegando a 86,3 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) com uma média diária de 70,1 µg/m³. Porém, o recomendado pela OMS é que não supere 50 µg/m³.

Também dos 27 dias amostrados, entre 8 de setembro e 2 de outubro, seis dias não atendiam às recomendações. Além disso, as altas concentrações também são causadas pelas queimadas que ocorrem na cidade. “No período noturno a concentração é maior por conta da inversão térmica, que é comum nos períodos secos e forma uma camada de ar frio próxima da superfície que impede a dispersão dos poluentes”, disse o autor do estudo e professor do Departamento de Geografia, Rodrigo Marques, por meio da assessoria de imprensa da UFMT. “Essas inversões prendem a fumaça e funcionam como se fossem uma tampa. Assim, forma-se uma névoa que não é de umidade, mas sim de fumaça”, completou.

Segundo ele, na Capital, as queimadas são as maiores responsáveis pela emissão de partículas que causam danos à saúde da população e, na região, elas ocorrem em um período em que as condições meteorológicas são as mais favoráveis para o acúmulo de poluentes, quando há escassez de chuvas. “Desta forma, aumentam as concentrações de material particulado inalável, podendo provocar problemas respiratórios, cardíacos, renais e neurológicos, além de baixa defesa imunológica”.

O professor explicou ainda, que a cidade, vive dois períodos distintos durante o ano. “A não incidência de chuvas propicia um maior acúmulo de partículas, assim, durante a estação seca as concentrações se elevam e a intensidade das queimadas está diretamente relacionada com a maior ou menor concentração de poluição”, destaca. De acordo com o docente, entre outubro e abril são verificadas baixas concentrações de partículas, caindo para 20 µg/m³, pois cerca de 90% das chuvas ocorrem neste período, o que facilita a dispersão dos poluentes na atmosfera e dificulta as queimadas.

Rodrigo Marques faz também um alerta em relação ao atual período de seca na região e a pandemia do novo coronavírus, consequentemente, suas consequências para o sistema respiratório da população. “É extremamente importante que as pessoas entendam que não se deve realizar queimadas. Quando observo as características e comorbidades da Covid-19 fica claro que a fumaça pode contribuir para um aumento da gravidade dos casos, incluindo no crescimento do número de óbitos”, frisa.

 

Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/cidades/queimadas-deixam-o-ar-mais-poluido-em-cuiaba/537346