Categories: Noticias Ambientales
      Date: Nov  4, 2015
     Title: Portos devem se preparar para novos desafios ambientais

Portos como o de Los Angeles e o de Long Beach, os dois principais dos Estados Unidos, têm se destacado por seus programas de sustentabilidade. Diante de leis ambientais consideradas rígidas, eles não brigam com a legislação. Pelo contrário, a acolhem, buscam reduzir os impactos de suas atividades no meio ambiente e integram esses esforços a seus planos para atrair mais cargas e desenvolver novos negócios.



A análise é do professor universitário James Alan Fawcett, um dos principais especialistas em gestão e planejamento portuários e costeiros dos Estados Unidos. Em entrevista a A Tribuna, o coordenador de pesquisas marítimas da Universidade do Sul da Califórnia destaca a evolução das ações sustentáveis no setor e defende que, agora, os complexos marítimos devem se preparar para novos desafios ambientais, reflexos das mudanças no clima do planeta. Confira a seguir.

Os portos de Los Angeles e Long Beach, os principais dos Estados Unidos, se destacam por seus programas de sustentabilidade, especialmente as ações ambientais, reduzindo a emissão de poluentes na água e no ar. Quando e como essas iniciativas começaram?

Nos Estados Unidos, nossas preocupações sobre a poluição do ar e da água começaram depois da rápida industrialização que vivenciamos na Segunda Guerra Mundial, mas as principais leis federais sobre poluição no ar e na água surgiram durante os anos 70, com a Clean Air Act (Lei do Ar Limpo) e a Clean Water Act (Lei da Água Limpa). Como os EUA prosperaram no período do pós-guerra, o público observou que estavam sendo lançados poluentes na atmosfera e na água que tinha efeitos negativos sérios sobre a saúde humana. Assim, na década de 1970, o Congresso foi levado a agir e promulgar uma legislação sobre as condições do ar e da água em todo o país. Então, essa foi a gêneses de nossas leis ambientais em nível federal. No nível estadual e nas questões onde os estados têm sua jurisdição, a situação é mais complicada: alguns estados têm uma legislação ambiental rígida, mas outros acreditam que a aplicação rigorosa destas leis irá resultar em uma perda da atividade econômica e do emprego. Assim, a experiência em nível estadual é irregular, com alguns estados rigorosos e outros, não.

Los Angeles e Long Beach implantaram seus principais programas ambientais, como o Plano de Ação do Ar Limpo, na virada do século. Entre as medidas adotadas, está a redução na velocidade dos navios nas proximidades do porto, de modo a reduzir a emissão de poluentes na região, o que o sr. chegou a pesquisar. Como foi a implantação dessas medidas? Qual foi a reação do setor privado?

Os portos de Los Angeles e Long Beach desenvolveram o que é chamado de Plano de Ação do Ar Limpo (CAAP), para reduzir o impacto da queima do diesel (combustível de carros, trens e navios) no ar de Los Angeles. A região é cercada por altas montanhas ao norte, ao leste e ao sudeste e, portanto, muitas vezes durante o ano, o ar fica preso na região. Como o vento predominante é do oeste, quando os navios estão usando seus motores diesel nos dois portos ou entrando ou saindo, os gases emitidos são lançados na atmosfera sobre a cidade. Um método para reduzir essa emissão foi pedir que diminuíssem a velocidade para 12 nós (22,22 km/h) quando estivessem a 40 milhas náuticas (74 km) ou menos do porto. O serviço de tráfego marítimo (VTS) rastreia todos os navios entre San Diego e Point Conception (222 quilômetros ao norte de Los Angeles) e, por causa do sistema de identificação automática (AIS), o VTS sabe quais navios estão navegando a 12 nós e quais excedem essa velocidade. Os navios que entram nos portos atracam em terminais com contratos com o respectivo porto. Então, se um terminal recebe um navio que rotineiramente acelera nesse círculo de 40 milhas náuticas, os portos podem orientar os terminais a insistir que os navios desacelerem. Isso pode resultar em incentivos, mas também em uma sanção às embarcações. Este programa foi implementado como um esforço cooperativo entre os dois portos e o órgão que cuida da qualidade do ar local e está em vigor há mais de dez anos. Agora, os armadores aceitam essa regra como condição para o uso dos dois portos.

Fonte: A Tribuna/LEOPOLDO FIGUEIREDO

Fonte: https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/32173-portos-devem-se-preparar-para-novos-desafios-ambientais