Categories: Noticias Ambientales
      Date: Fev  8, 2021
     Title: A Índia e o Acordo de Paris
Harsh Vardhan Shringla

Cinco anos após o Acordo de Paris, a Índia está entre os poucos países em desenvolvimento que não só cumprem os seus objetivos "verdes" como aspiram a objetivos climáticos mais ambiciosos.

Na recente Cimeira da Ambição Climática, o primeiro-ministro Narendra Modi delineou a abordagem indiana. Disse que temos de "elevar ainda mais a nossa fasquia", ainda que sem perder de vista o passado. Acrescentou que a Índia não só alcançaria os seus objetivos do Acordo de Paris, como inclusive os excederia.

Na Cimeira da Ação Climática da ONU, em 2019, Modi referiu que temos de pôr em prática as nossas ideias, não podemos apenas anunciá-las. Estamos a tomar medidas práticas em todas as áreas, incluindo na energia, na indústria, nos transportes, na agricultura e na proteção dos espaços verdes, na nossa jornada conjunta, enquanto sociedade, com vista a tornarmo-nos líderes na ação e na ambição climáticas.

A Índia reconhece que as alterações climáticas não podem ser combatidas de forma isolada. Tal requer uma abordagem integrada, abrangente e holística. Exige inovação e adoção de novas e sustentáveis tecnologias. Consciente destes imperativos, a Índia tem integrado o clima nas suas estratégias nacionais de desenvolvimento e industriais.

A energia está no centro de todas as estratégias climáticas. Acreditamos que a Índia se tornou uma potência de energia limpa, e é líder na transição energética de fontes produtoras de dióxido de carbono em fontes renováveis e alternativas aos combustíveis fósseis.

É nossa intenção continuar a explorar o potencial energético renovável da Índia.
A nossa capacidade de energia renovável é a quarta maior do mundo, e a expansão dessa capacidade que está a ser empreendida é também uma das maiores a nível mundial. A maior parte desta virá da mais limpa fonte de energia, o sol.

Os progressos são já notórios. Comprometemo-nos inicialmente com 175 GW de capacidade de energia renovável até 2022. Fomos mais longe e esperamos ultrapassar os 220 GW nos próximos dois anos. Temos um objetivo ainda mais ambicioso: 450 GW até 2030.

Estamos a trabalhar por forma a assegurar que, até 2030, 40% da energia elétrica na Índia seja proveniente de outras fontes que não combustíveis fósseis. Este esforço de energia limpa é acompanhado simultaneamente por um objetivo no sentido de reduzir a intensidade das emissões da nossa economia em 33%-35% até 2030 (quando comparado com os níveis de 2005).

O projeto Ujala - um impulso nacional com vista à utilização de lâmpadas LED - está a reduzir as emissões de CO2 em 38,5 milhões de toneladas por ano. Este projeto, ao abrigo do qual mais de 80 milhões de lares tiveram acesso a gás de cozinha limpo, é uma das maiores iniciativas de energia limpa do mundo.

A ação climática e a sustentabilidade estão a ser introduzidas em esquemas governamentais em múltiplos setores.
A nossa Smart Cities Mission está a trabalhar com cem cidades para as ajudar a tornarem-se mais sustentáveis e adaptáveis aos desafios das alterações climáticas. O Programa Nacional de Ar Limpo visa reduzir a poluição atmosférica (PM2,5 e PM10) em 20%-30% nos próximos quatro anos.

O projeto Jal Jeevan, que visa fornecer, até 2024, água potável segura e adequada, através de ligações individuais da torneira doméstica a todos os lares na Índia rural, é fortemente enraizado no conceito de sustentabilidade.

Estão a ser plantadas mais árvores e os terrenos degradados estão a ser recuperados para criar um reservatório de carbono, capaz de absorver 2,5-3 mil milhões de toneladas de CO2.

Estamos também a trabalhar de forma célere por forma a criar uma rede de transportes verdes, para compensar um setor conhecido pelas suas emissões poluentes, particularmente nas nossas grandes cidades.

A Índia está a construir infraestruturas de última geração, tais como sistemas de transporte coletivo, autoestradas que integram as funcionalidades do transporte e a sustentabilidade ecológica, assim como cursos de água navegáveis. Um plano nacional de mobilidade elétrica está a criar um novo ecossistema onde o objetivo último é ter mais de 30% de veículos elétricos a circular nas estradas da Índia.

Estas iniciativas visam o nosso próprio bem, uma vez que a Índia está entre os países mais vulneráveis ao impacto das alterações climáticas.

Reconhecemos que há ainda um longo caminho a percorrer, mas estes esforços estão já a dar frutos. Entre 2005-2014, registou-se uma redução de 21% na intensidade de emissões da Índia. Durante a próxima década esperamos reduções ainda mais significativas.

A Índia pretende ser um cidadão global responsável no espaço climático. Não estamos apenas a ir além dos nossos compromissos do Acordo de Paris. Estamos a adotar instrumentos inovadores para promover a cooperação internacional na ação climática.

Criámos organizações internacionais como a International Solar Alliance e a Coalition for Disaster Resilient Infrastructure, que estão a trabalhar na criação de soluções globais hipocarbónicas. Mais de 80 países aderiram à International Solar Alliance, tornando-a um dos organismos internacionais de mais rápido crescimento.

Esta combinação de ação nacional e cidadania internacional responsável torna a Índia única entre os países em desenvolvimento, colocando-a no caminho para concretizar as suas ambições de ser líder em reflexão e ação climáticas.

Secretário dos Negócios Estrangeiros da Índia
(as posições expressas são pessoais)

 

Fonte: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/08-fev-2021/a-india-e-o-acordo-de-paris--13325509.html