Categories: Noticias Ambientales
      Date: Jun 30, 2017
     Title: Combustíveis exigem decisões rápidas
(Foto: Banco de Dados)


O Brasil tem matriz energética privilegiada em relação aos combustíveis líquidos. Enquanto os países do chamado mundo desenvolvido precisam apelar para soluções caras e difíceis de implantar com resultados que podem levar décadas para apresentar redução sensível de emissões de gás carbônico (CO2), principal responsável pelo efeito estufa, o País pode contar com biocombustíveis desde já.

Mudanças climáticas e aumento da temperatura do planeta previstos para este século provêm de várias origens. O setor de transporte responde por cerca de 25% do CO2 emitido mundialmente, mas as outras fontes são bem mais difíceis de controlar. Por esse motivo se fala tanto em carro elétrico. Entretanto, para recarregar baterias é necessário uma fonte de eletricidade que gere baixa emissão de CO2 e isso não parece tão simples. Energias solar e eólica são caras; energia atômica gera resíduos perigosos; hidroeletricidade (competitiva aqui) não contempla muitos países.

Etanol de cana-de-açúcar, além de permitir cogeração de eletricidade, consegue capturar 90% das emissões de gás carbônico no ciclo de vida (do poço à roda). Mas, este setor foi marcado por uma trajetória errática ao longo de mais de quatro décadas desde o início de produção em larga escala. Estímulos e desestímulos se alternaram.

A décima edição do Ethanol Summit (Cúpula do Etanol, realizada bienalmente), em São Paulo esta semana, apresentou uma convergência positiva, finalmente. Foi assinado, no evento, um memorando de entendimento entre Anfavea e Unica (esta representa mais de 50% da produção brasileira do biocombustível) para uma agenda integrada em busca de maior eficiência energética e redução de emissões na matriz de transporte veicular.

O Governo Federal teve papel indutor em 1978, quando liberou a venda dos primeiros carros a etanol, e depois em 2003 com o advento dos motores flex. Agora o acordo se dá apenas entre agentes privados e com abrangência de grande alcance.

Esse novo cenário é importante porque acrescenta peso a outras duas iniciativas governamentais. Renovabio e Rota 2030 estão em gestação com metas de médio e longo prazo. Os efeitos não serão imediatos, mas pelo menos se acrescentam previsibilidade e visão estratégica, algo que no Brasil costuma rarear. Os dois programas são coordenados sob liderança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, porém o de Minas e Energia tem exibido mais dinamismo em busca de soluções.

Durante o seminário ficou claro que há uma situação que precisa ser resolvida em curto prazo. O Brasil é o terceiro maior consumidor de combustíveis do mundo (atrás dos EUA e da China), mas entre os refinadores ocupa apenas a oitava colocação. Essa situação incomoda porque o País, embora crescente exportador de petróleo, precisará importar seus derivados cada vez mais. Como a Petrobrás não tem planos para construir novas refinarias, o País precisaria aumentar a produção de etanol para, pelo menos, manter sob controle sua dependência de combustíveis do exterior.

Como a utilização do etanol ajudaria nas metas de controle de gás carbônico, ajustadas no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, não há mais como adiar essas decisões.

 

Fonte: https://www.reporterdiario.com.br/noticia/2369812/combustiveis-exigem-decisoes-rapidas/