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AFPModal representa 3% das emissões de gases do efeito estufa, percentual superior ao de aviões, segundo o Instituto Superior de Economia Marítima (Isemar)
O transporte marítimo, um dos setores mais poluentes, quer reduzir sua pegada de carbono usando energia mais limpa, mas hesita em limitar a velocidade.
Liderada pela Organização Marítima Internacional (IMO), esta indústria está considerando várias opções para substituir o óleo combustível pesado que propulsa mais de 60 mil embarcações, incluindo os petroleiros e os porta-contêineres usados para o transporte mundial de mercadorias.
O óleo combustível pesado contém uma alta proporção de enxofre e nitrogênio, além de partículas finas.
Esta indústria representa 2,3% das emissões de CO2, segundo a organização profissional Armadores da França, e 3% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, segundo o Instituto Superior de Economia Marítima (Isemar). O percentual é superior ao do transporte aéreo.
O transporte marítimo mudará porque é preciso enfrentar a mudança climática — afirmou Edmund Hughes, membro da IMO, durante uma conferência realizada na semana passada em Londres por este organismo, vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU).
— O transporte marítimo usa o pior combustível do mundo e é o único grande setor que não foi regulado — declarou Faig Abbasov, da ONG Transporte e Meio Ambiente (T&E).
Em 2016, a IMO adotou uma nova normativa internacional que divide por sete (0,5% contra 3,5%) o índice máximo de enxofre autorizado no combustível, e que entrará em vigor no início de 2020.
Entre as alternativas, estão biocombustíveis, hidrogênio, eletricidade, barcos à vela e gás natural liquefeito (GNL). O GNL "parece a opção privilegiada hoje", estima um consultor do setor. Os biocombustíveis, diz, "ainda têm impacto demais no uso das terras".
Grandes empresas, como a Shell, defendem a transição para o GNL. Esta solução exige infraestruturas de abastecimento, capacidade de armazenamento a bordo e um motor adaptado.
Há outras possibilidades para limitar as emissões poluentes, como o uso de velas e a redução da velocidade dos navios. São baratas e de eficácia imediata.
— O vento é gratuito, deveria ser usado para reduzir as emissões poluentes — acrescenta Faig Abbasov. Grande parte do setor marítimo francês é partidário de fazer isso, e o presidente do país, Emmanuel Macron, também.
O benefício ecológico é exponencial. Um barco que reduz a velocidade de 22,2 para 20 km/h reduz o consumo de combustível em 18%.
— Reduzir a velocidade dos barcos faz parte das opções sobre a mesa, mas não é a única — responde Hiroyuki Yamada, diretor da divisão do meio marinho na IMO. A medida é defendida por alguns armadores, "mas não todos", acrescenta.
Os armadores contrários alegam vários motivos.
— Primeiro, é uma questão de investimento. Se a velocidade for reduzida, serão necessários mais navios — explica Philippe Renaud, diretor do grupo CGA-CGM. E acrescenta que "um trajeto mais longo aumenta o tempo de armazenamento e implica um custo adicional para os clientes".
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