Na região de Gujarat, na Índia, os reguladores recentemente enfrentaram um dilema: Eles tinham códigos rígidos de qualidade do ar, e seus auditores relatavam que as dezenas de milhares de instalações industriais da região estavam cumprindo as normas. No entanto, a qualidade do ar nas cidades de Gujarat era uma das piores na Índia.

Quando os reguladores pediram a uma equipe de pesquisadores para trabalhar com eles e investigar as razões para isso estar ocorrendo, descobriram que as fábricas selecionavam e pagavam seus próprios auditores, criando um claro conflito de interesses. E certamente, quando os investigadores verificaram o trabalho dos auditores, descobriram que muitas vezes eles ignoravam ou não davam a dimensão real das violações. Ao modificar essa estrutura, usando auditores selecionados aleatoriamente que eram contratados e pagos por um fundo central, o conflito de interesses foi eliminado. O resultado ? A poluição caiu a uma taxa impressionante de 28% entre as fábricas afetadas ao longo do ano seguinte, sem custo adicional para os reguladores e sem a necessidade de nenhuma nova tecnologia.

O problema do Gujarat é típico no mundo em desenvolvimento, onde a poluição do ar pode ser tão grave que um estudo recente concluiu que respirar o ar de Pequim em um dia ruim é o equivalente a fumar cerca de 25 cigarros. Na verdade, o ar que esses cidadãos chineses respiram está reduzindo cinco anos de sua expectativa de vida, segundo o mesmo estudo.

Mas, como foi detectado em Gujarat, a aplicação eficaz de regulamentos existentes pode fazer grandes avanços no sentido de reduzir a poluição e melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades do mundo. Tudo isso sem investimentos exorbitantes em tecnologia energética ou uma intervenção governamental pesada.

Para realmente capitalizar esse potencial, as autoridades políticas precisam ter acesso a informações confiáveis em tempo quase real, algo que raramente existe. Mas isso pode estar mudando, com a Índia de novo na vanguarda. Os reguladores da poluição do país desenvolveram as primeiras normas nacionais para um monitoramento de baixo custo e confiável da poluição. Essa rede de sistemas de monitoramento contínuo das emissões está começando a permitir que os reguladores identifiquem rapidamente onde a poluição está ocorrendo e se as políticas estão funcionando. Esse tipo de informação pode ser a base de várias inovações políticas — indo de simplesmente fazer um trabalho melhor de detectar e punir violações à criar redes regionais de negociação de emissões de poluição que melhorariam a qualidade do ar para grandes cidades e Estados inteiros rapidamente e de forma rentável.

Em Délhi, os líderes municipais também estão aproveitando os novos recursos de sensores móveis. Em janeiro, quando o governo lançou um programa-piloto para reduzir a poluição nas ruas da cidade, fazendo o rodízio de carros que circulam dependendo de suas placas, pesquisadores trabalhando com os reguladores compararam dados de poluição coletados por sensores de baixo custo instalados dentro e fora da cidade. Eles descobriram que o programa reduziu a poluição, mas em apenas 10%. Agora, a cidade espera obter melhores resultados durante a segunda fase do projeto, e está usando a mesma abordagem para acompanhar seu progresso, embora deva haver abordagens mais eficientes para reduzir de forma permanente as emissões de veículos.

Todas essas abordagens inovadoras usam a mesma estratégia básica: coletar e analisar dados, testar políticas de baixo custo, e elevar a aplicação do que funciona. Sem sombra de dúvidas, não há escassez de ideias criativas. Délhi descobriu isso recentemente, quando recebeu cerca de 250 ideias de estudantes, empresários, organizações sem fins lucrativos, empresas e cidadãos de toda a Índia que participaram de um Desafio de Inovação lançado em parceria com a Universidade de Chicago. Como outras abordagens, a ideia vencedora (ou ideias) será rigorosamente testada e, caso seja bem-sucedida, será implementada em Délhi, talvez até se tornando um protótipo para outras cidades.

Se multiplicadas, essas técnicas inovadoras podem transformar cidades em todo o mundo de lugares altamente poluídos que exigem que os cidadãos e autoridades tenham que fazer difíceis concessões em centros de prosperidade onde as pessoas estejam interessadas em abrir empresas e formar famílias — as metrópoles florescentes e saudáveis de amanhã.

Sam Ori é o diretor executivo do Instituto de Política Energética na Universidade de Chicago.

Fonte: http://br.wsj.com/articles/SB11824952831249294880804582044741260736950#:SINO8kcrsmDU6A

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