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Quando o assunto é mobilidade, qual é o estado da cidade? Muitas obras, mais ciclovias e muito estacionamento prometido. O Observador analisa cinco temas que afetam diariamente a vida dos lisboetas.
Na próxima terça-feira, 25 de outubro, debate-se o Estado da Cidade na Assembleia Municipal de Lisboa. É o último destes debates antes das eleições autárquicas do próximo ano. Este é o primeiro de uma série de cinco artigos que o Observador vai publicar sobre áreas fundamentais da cidade: mobilidade, transportes públicos, higiene urbana, habitação e lazer.
Todos os dias entram em Lisboa mais de meio milhão de automóveis. Os números exatos foram variando ao longo dos anos e também conforme a gravidade da crise económica, mas os efeitos são constantes e evidentes. Os condutores lisboetas passam, em média, 35 minutos por dia e 136 horas por ano em engarrafamentos — é a cidade com o trânsito mais congestionado da Península Ibérica, de acordo com um estudo anual da TomTom, empresa que fabrica sistemas GPS.
Há vários pontos críticos de trânsito em Lisboa, mas os mais problemáticos são os acessos (A5, IC19, Segunda Circular e Marginal, por exemplo) e a zona central (avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, República e Infante D. Henrique). Além da frustração que provocam nos condutores e peões, os congestionamentos de trânsito têm ainda outra consequência grave para o ambiente e para a saúde: a má qualidade do ar. Lisboa é a segunda capital europeia, a seguir ao Luxemburgo, que menos se tem empenhado em reduzir a poluição atmosférica, segundo um ranking elaborado em 2015 pelo Secretariado Europeu para o Ambiente. A capital portuguesa continua com níveis de poluição superiores aos permitidos pela União Europeia e só obteve nota positiva num parâmetro de avaliação — as medidas tomadas para limitar as emissões poluentes no centro.
Associado ao tráfego automóvel está o estacionamento. A Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) é responsável por 70.240 lugares de estacionamento na rua e ainda por 23 parques. Apesar de os números poderem impressionar, nas zonas históricas e nas principais avenidas da cidade é cada vez mais difícil estacionar. Isso deve-se a uma opção clara da câmara, que quer privilegiar os transportes públicos e as bicicletas como forma de locomoção na cidade. Ainda assim, os responsáveis da autarquia afirmam que não querem ostracizar os donos de automóveis e prometem medidas para minorar o problema.
Em sentido inverso, o número de ciclovias tem estado a crescer desde 2009. Atualmente existem mais de 60 quilómetros de rede ciclável e, com as obras em curso no centro da cidade, Lisboa deverá ficar com cerca de 200.
A rede ciclável que a câmara espera que esteja em funcionamento no fim do mandato, em 2017
Obras
Com o lançamento do programa “Uma Praça em Cada Bairro”, a autarquia quer que uma praça, uma rua, uma zona comercial ou o jardim do bairro se transformem no “ponto de encontro da comunidade local”, um “espaço público de excelência e local de estar” onde o peão e os transportes públicos têm primazia. Uma autêntica revolução numa cidade cheia de carros.
A reabilitação da frente ribeirinha já tinha começado no primeiro mandato de António Costa e continuou a ser aposta da câmara nos últimos três anos.
Estacionamento
Ao mesmo tempo que lançou obras que reduziam o estacionamento no centro, a autarquia comprometeu-se a criar mais de três mil lugares de estacionamento em vários sítios dentro da cidade e junto às principais entradas.
Ciclovias
Outro objetivo assumido no início deste mandato passava por “promover um shift modal dos transportes motorizados para os modos suaves”, o que significava “apostar fortemente no alargamento da rede de ciclovias” — mas sem quantificação.
Além disso, a câmara prometeu um sistema de partilha de bicicletas, semelhante ao que já existe em várias cidades europeias.
Redução de emissões poluentes
Proibir o acesso de automóveis antigos ao centro da cidade para melhorar a qualidade do ar
Instalar “um sistema automático de fiscalização do acesso de veículos” às ZER
Mobilidade pedonal
Substituir a típica calçada portuguesa por outro tipo de pavimentos em locais específicos da cidade, de modo a “desenvolver uma rede pedonal contínua, segura, eficaz, multifuncional e de acesso universal”
Fonte: http://observador.pt/2016/10/21/mobilidade-a-espera-do-fim-das-obras/
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