O material particulado é o conjunto de poluentes causadores de doenças respiratórias e cardiovasculares. Essa situação ficou mais crítica nos últimos meses. Sem chuva, a quantidade de água na superfície foi reduzida e a umidade relativa do ar caiu para até 11% nos últimos dias. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar deve estar acima de 60%.

O ar seco colaborou para o aumento das quantidade, o que fez disparar a emissão de poluentes. No mês passado, chegou a 70 microgramas por metros cúbico em Rio Preto e a 72 em Catanduva. O índice de Catanduva é maior do que a média registada no centro de Cubatão, cidade conhecida pela poluição do ar - nos anos 80, Cubatão foi apontada pela ONU como o município mais poluído do mundo e ganhou o apelido de “Vale da Morte”.

A OMS considera como ideal no máximo 20 microgramas de material poluente por metro cúbico. Em Rio Preto e Catanduva, a medição só esteve perto dessa marca nos meses de janeiro, fevereiro e março. “A partir de abril começa a queima da palha da cana-de-açúcar. Esse é o principal poluidor do ar na cidade. Só em 2012 foram queimados 166 hectares na região. Os números de 2013 ainda não foram fechados, mas deve chegar perto disso. Também temos dois corredores de veículos movidos a diesel, que ficam nas rodovias BR-153 e Washington Luís”, explica José Mário Ferreira de Andrade, sanitarista da Cetesb.

Risco à saúde

O médico Leandro César Salviano, presidente da regional da Sociedade Paulista de Pneumologia, explica que toda essa poluição, somada ao ar seco, irritam e ressecam a via respiratória, por isso provoca alergias e agrava doença como renite e outras doenças pulmonares, chegando até a causar problemas no sistema circulatório.

“É como se tivesse algo provocando o pulmão o tempo todo. O ar seco quebra a primeira defesa do organismo, favorecendo as infecções e outras doenças”, explica o médico. O aposentado Joaquim da Silva, 60 anos, que mora na região Norte da cidade, está encontrando dificuldades para dormir e diz não suportar a falta de ar que sente. Na tarde de ontem, teve de procurar ajuda médica na Unidade de Pronto Atendimento Norte e apelar para a inalação.

"Entupiu tudo. O nariz e a garganta. Quase não consegui mais respirar. Moro ao lado de uma construção. Todo o dia levanta muita poeira lá perto de casa. O pior de tudo, é o tempo muito seco. Quando chove, percebo que alivia um pouco esses sintomas", contou Joaquim. O pedreiro Márcio Alves Silva, 32, contou que utiliza umidificador de ar na casa dele para tentar aliviar o tempo seco. "Também espalho toalhas molhadas e bacias cheias de água por toda a casa. Sinto muita dificuldade para respirar. Meu nariz entope e sinto muita dor na cabeça", afirmou.

FOGO ‘AMBULANTE’

Uma das causas da emissão de partículas poluentes no ar na região voltou a ocorrer ontem. Um caminhão carregado com papelão circulou por mais de um quilômetro em chamas após ter a carga atingida por faíscas de um incêndio que destruiu 45 hectares de pasto, no início da tarde de ontem, no km 464 da rodovia Feliciano Sales Cunha, entre Monte Aprazível e Neves Paulista. Foi necessário até o auxílio helicóptero Águia nos trabalhos para controlar as chamas que se alastraram nos dois lados da estrada. Além de queimar todo o caminhão, o fogo atingiu uma área de mato seco à beira da rodovia e danificou 83 árvores nativas.

A Polícia Rodoviária Estadual e a Polícia Militar controlaram o fluxo dos veículos, que causaram congestionamento de cinco quilômetros no sentido Rio Preto/Monte Aprazível e de seis quilômetros no sentido contrário. O motorista do caminhão, Osmar Marques, 63 anos, afirmou que vinha de Álvares Florence para Rio Preto, com uma carga de papelão. “Levei um susto quando olhei pelo retrovisor. A carga estava pegando fogo. Imediatamente parei o caminhão no acostamento e um guincho parou comigo. Eu e o motorista soltamos as cordas que prendiam a carga. Quando o papelão caiu no chão, parecia uma explosão. O fogo subiu com tudo e tomou conta da carga, do caminhão e do mato seco do acostamento", contou.

Fonte: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Meio+Ambiente/204416,,Poluicao+do+ar+em+Rio+Preto+esta+pior+que+na+Capital.aspx