MATHEUS ORLANDO
Com base em padrões da OMS, estudo coloca qualidade do ar de Jaú em situação menos tranquila
Chaminé de estabelecimento comercial em Jaú: fumaça invade imóveis próximos diariamente
BEATRIZ ZAMBONATO SANTOS
O ar de Jaú é bom, mas não tanto. Essa é uma das possíveis conclusões do relatório “Qualidade do Ar no Estado de São Paulo 2015 sob a Visão de Saúde”.
O estudo, feito pela organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Instituto Saúde e Sustentabilidade, revisitou dados sobre poluição divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Contudo, em vez de aplicar os padrões de qualidade do ar determinados pelo Estado e pelo Brasil, o relatório levou em consideração os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), os quais são mais rígidos.
De acordo com a pesquisa do instituto, Jaú é uma das cidades paulistas que apresentaram médias anuais acima do padrão recomendado pela OMS. Em 2015, a Cetesb coletou informações sobre partículas inaláveis (MP10) em 355 dias. Pelos padrões paulista e nacional de qualidade, o Município não ultrapassou os limites nenhuma vez. Pelos critérios da OMS, foram nove ultrapassagens. No mesmo ano, o Jaú teve média anual de 21 µg/m3 de partículas inaláveis, quando o limite da OMN é de 20.
Quanto aos níveis de ozônio, Jaú teve aferições em 354 dias do ano. Pelos padrões paulistas, foram 11 vezes em que a qualidade não estava regular. Pela OMS, 69 vezes.
Caso essas ultrapassagens se tornem mais frequentes, aumenta o risco de desenvolvimento de problemas respiratórios pela população. Também cresce a chance de morte prematura em pessoas com doença cardiopulmonar e em idosos.
De acordo com a Oscip, poluentes atmosféricos foram a causa de 31 mortes precoces por dia no Estado em 2015, ou um total de 11,2 mil óbitos no período – mais que o dobro das mortes provocadas por acidentes de trânsito (7.867), cinco vezes mais que o câncer de mama (3.620) e quase 6,5 vezes mais que a aids (2.922). Permanecer duas horas no trânsito da capital equivale a fumar um cigarro.
Embora políticas públicas ambientais muitas vezes dependam de leis federais, a fundadora do Instituto Saúde e Sustentabilidade e autora do estudo, Evangelina Vormittag, acredita que as cidades podem adotar medidas para melhorar a qualidade do ar.
“Os municípios devem adotar medidas para redução da emissão de poluentes, como colocar nas ruas ônibus com matriz energética limpa e melhorar as condições de microclima na cidade, com mais áreas verdes e maior arborização urbana”, exemplifica a pesquisadora.
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